Capitalismo na América: Uma História (De Sucesso)

Senhores, hoje trago a vocês uma breve resenha da minha última leitura. Não costumo fazer esse tipo de post aqui no blog mas acho válido para agregar conhecimento. Durante esse maldito período de enjaulamento estive lendo ainda mais do que o habitual e tirei alguns livros que havia comprado e não lido da caixa e comecei a ler sem parar. Esse é muito interessante para aqueles que gostam de Economia e História Econômica.



A América é terra das oportunidades – aqui, usaremos América como sinônimo de Estados Unidos da América – e do capitalismo moderno. O livro recém-traduzido para o português de Alan Greespan – Presidente do Federal Reserve de 1987 à 2006 –, que leva o título desse artigo, conta essa história de sucesso e poder da América, que atualmente é tão ameaçado.

 O livro faz um apanhado dos grandes momentos da história econômica dos Estados Unidos, sendo os principais deles: colonização e Guerra de Independência, Guerra Civil e ascensão da indústria, os dourados anos 1920 e a Grande Depressão, a Grande Guerra, os anos dourados das décadas de 1950 e 1960 e a posterior estagflação dos anos 1970, a recuperação dos anos 1980 e 1990 nos governos Ronald Reagan, Bush e Bill Clinton e a Grande Recessão de 2008. São grandes momentos que marcam não só os avanços, mas os obstáculos pelos quais a América teve que passar ao longo de sua história.

Esses obstáculos e avanços, na visão de Greespan, são justamente os motores do avanço que levou a América a ser o que é. Destruição criativa, conceito cunhado pelo economista Joseph Schumpeter, que tem, como ideia central, de que para haver o progresso técnico e econômico, no longo prazo, há de ocorrer a destruição da base material presente até então. E é disso que a história americana se trata, de destruição da ordem preexistente para a sobreposição de uma nova maneira de se fazer as coisas. O exemplo mais nítido do processo descrito acima pode ser observado no desenvolvimento da malha de transporte do país (1850-1950): das carroças guiadas a cavalo na expansão para o Oeste ao transporte fluvial, do transporte fluvial às ferrovias e das ferrovias à extensa malha rodoviária e por fim à linha aérea que diminuiu mais ainda o tempo para ir de uma costa a outra do país. Segue-se desse processo, portanto, a segunda chave do sucesso americano: os ganhos de produtividade. Além do tempo para se cruzar o país cair demasiadamente, a revolução do meio de transportes permitiu que fosse possível levar alimentos e bens industriais por milhares de quilômetros sem que houvesse dano na carga.

No longo prazo, esse processo, aliado ao ganho de produtividade em outros setores, fez com que o preço das commodities caíssem em até 80%. A perna que fechava o tripé do sucesso era a garantia que o sistema político dava ao mundo dos negócios. Com a facilidade para se abrir e fechar empresas como em nenhum outro lugar do mundo e com uma política de fronteiras abertas que perdurou muito tempo, a América atraia os melhores profissionais e todos os cantos do planeta – principalmente da Europa no final do século 19 e início do 20. Abrir, arriscar o capital e obter um belo retorno ou fechar era algo comum na América do início do século 20, e é esse um dos motivos do sucesso do país: segurança jurídica. E a grande questão por trás de todo o livro é: a América conseguirá manter sua liderança na ordem global ou será ultrapassado pela China, assim como a própria América ultrapassou a Inglaterra no final do século 19? Tendo essa questão em mente, é possível absorver melhor a longa narrativa que nos é apresentada no livro.

Recomendo fortemente a releitura dos capítulos sobre a Grande Depressão de 1929 e a Grande Recessão de 2008 com calma após a leitura de todo o livro.

Em suma:

  • Destruição criativa -> ganhos de produtividade por desrupção
  • Maior produtividade -> ganhos alocativos e crescimento de longo prazo
  • Itens acima garantidos por -> segurança jurídica (que vêm se deteriorando com o tempo)


Até mais, Aspirante.

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